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segunda-feira, 4 de maio de 2009

EPISÓDIO I - Ainda na Parte Alta


Johnny e Django se conheceram no restaurante onde ambos trabalhavam, criaram uma afinidade por terem pensamentos semelhantes sobre variados assuntos e por serem os únicos universitários que trabalhavam ali. Para pagar os estudos, trabalhavam como garçons, e apesar de serem colegas, levaram alguns meses para firmarem uma cumplicidade.

Era pleno janeiro quando cansados por trabalharem numa carga horária desgastante que variava entre 12h às 15h diárias, decidiram sair na noite de Porto Alegre e distrair um pouco a cabeça para esquecer o estresse diário. E embora o salário fosse bem acima do salário mínimo, não compensava, a julgar pelo fato que se dedicavam quase que totalmente para o emprego, prejudicando inclusive os estudos e a vida social em geral, pouco lazer. Era folga uma vez por semana, porém, nunca nas Sextas, Sábados e Domingos. E pra quem gosta de sair sabe que o ideal seria uma folga em fim de semana, afinal, sair para festas em dias de semana não teria a mesma intensidade e muito menos as mesmas opções de diversão, sem contar que a maioria dos amigos que tinham empregos "normais" não poderiam sair com a mesma frequência em dias de semana devido ao óbvio.

 Django dizia invariavelmente para Johnny no emprego:

- Cara, eu queria trabalhar pra viver, mas não viver pra trabalhar. Comprei alguns filmes e ainda não consegui ver nenhum; há festas que meus amigos me convidam, mas saímos sempre tarde daqui, e assim chego quando a festa está pela metade, sem contar que temos que acordar cedo no dia seguinte e abrir o restaurante. - Django suspirou e escorou-se na parede olhando pra beira do rio em frente ao restaurante de forma desanimada. - E nem dá pra considerar aquela vez que fomos ao Bar Opinião numa Quarta-feira chegando à 2h da manhã na festa. Não havia mais o que fazer, já estava esvaziando, e a mulherada estava toda “casada”.

Django olhou para Johnny e falou:

- Meu!

- O quê? - perguntou Johnny.

- Que se foda! Vamos sair hoje. Vamos para um bar ou para uma danceteria perto do Centro, um amigo me convidou ontem, mas eu não quis dar certeza, afinal, a gente nunca sabe que horas o nosso emprego nos libera.

- É eu estou precisando mesmo sair. - Johnny esboçou um sorriso. - mas vamos aonde no Centro?

- Vamos no Bar Oito e Meio. O Marquito me convidou hoje de manhã por telefone.

- Marquito?

- É o apelido dele. – riu Django. – É que no segundo grau meus colegas e eu dizíamos que ele era parecido com o Marquito do Programa do Ratinho que passava no SBT. E uma vez fui com ele na Lima e Silva pra encontrar com a Dé, apelido da Débora, minha amiga que fazia anos que não via. Ela tinha levado uma amiga e a gente se encontrou no bar Só Comes e depois saímos de lá e fomos pro bairro Tristeza onde tinha o Live Pub. Mas a noite em dia de semana morre cedo, e no fim é como ser forçado a comer um doce pela metade, quando você começa a gostar fica sem.

 - Por mim está ótimo, moro quase do lado.

- É mesmo? Não sabia dessa, que barbada! Se a gente se der bem já termos o quartel general, haha!

- Se nos liberarmos cedo...seria uma opção interessante, nunca fui lá.

- Nem eu.

Ambos mal desconfiavam que uma série de acontecimentos estava por vir. Seria o primeiro passo para muitas histórias memoráveis.

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